domingo, 10 de julho de 2022

A Origem do Axé Music

O axé nasceu na década de 80 durante os carnavais em Salvador. As festas de Carnaval e os trios elétricos já existiam na época e o povo costumava curtir a folia ouvindo e dançando ritmos como forró, reggae, maracatu e frevo pernambucano. Vários cantores baianos tocavam variados estilos, desde o samba até o rock'n'roll. Músicas com essas misturas de sons começaram a surgir e com elas veio o axé.

A música Fricote, interpretada por Luiz Caldas, é considerada a primeira música do axé, marcando definitivamente o inicio desse gênero musical em 1985. Logo após, o jornalista Hagamenon Brito definiu todas as músicas desse ritmo tocadas em cima de trios elétricos como "axé music". A partir disso o axé se popularizou rapidamente, conquistando não somente os baianos, mas todas as outras regiões do país também.

Para entendermos a mistura, muitos cantores e bandas de axé surgiram em outros estilos, o Chiclete com Banana começou como um cover da banda de rock Scorpions, Asa de Águia também começou como uma banda de rock, e o próprio Luiz Caldas sempre varios os estilos e até hoje, dedica-se a gravar álbuns de diferentes estilos, desde música tupi até o metal e, é claro, o axé music.

Luiz Caldas - Fricote

Asa de Águia - Gabriela

No entanto, apesar de Luiz Caldas ser considerado o criador do axé, muitos consideram que a base dele foi o samba-reggae, criado por Neguinho do Samba, um dos fundadores do grupo Olodum, desse ritmo, o axé music ganhou sua principal característica: O uso da percussão. O próprio Luiz Caldas usou isso nas suas músicas, assim como outros artistas do axé raiz, como a Bamdamel, Margareth Menezes, Banda Reflexu's, Cheiro de Amor, Banda Beijo (na época com Netinho), o próprio Chiclete e posteriormente, Daniela Mercury, Banda Eva, entre outros.

Bamdamel - Protesto do Olodum (E Lá vou Eu)

Daniela Mercury - Swing da Cor

Nos anos 90, o axé se solidificou e ganhou o país, com intérpretes como Ara Ketu, Carlinhos Brown, Pimenta N'Ativa, Ricardo Chaves, Asa de Águia, Timbalada, Banda Beijo (que dessa vez tinha Gilmelândia como vocalista), além dos já citados Chiclete com Banana, Daniela Mercury, Banda Eva (na época com Ivete), Cheiro de Amor e Netinho. Muitas dessas músicas são lembradas até hoje.

Chiclete com Banana - Savassi

Netinho - Milla

PS: Lembrando que grupos como É o Tchan, Harmonia do Samba, Psirico e Parangolé não são considerados bandas de axé, pois estes na verdade tocam pagode baiano. Para entenderem, acesse essa matéria do site.

Nos anos 2000, o axé ganhou uma característica mais pop, com influências de outros estilos, como aconteceu com Ivete Sangalo, Babado Novo (na época com Cláudia Leitte), Jammil e Uma Noites (na época com Tuca, Manno e Beto), Tomate (que começou no Rapazolla), Saulo Fernandes (que foi o vocalista da Banda Eva após a saída de Emanuélle Araújo, que por sua vez substituiu a Ivete). Claro que o sucesso não era mais o mesmo dos anos 90 por estarem em alta outros estilos, mas mesmo assim, o axé sempre emplacava músicas todo ano e de vez em quando surgia alguma novidade, mas aos poucos ele perdeu espaço fora da Bahia.

Babado Novo - Cai Fora

Jammil e Uma Noites - De Bandeja

Já os Anos 2010 foram os piores para axé music, pois, talvez devido ao preconceito que existe com o estilo, o axé já não era mais o estilo mais ouvido, mesmo dentro da Bahia, já que outros estilos estavam em alta por lá, como o arrocha e o pagodão. Isso levou a muitas saídas de vocalistas das bandas e fim de algumas delas, algumas que pareciam até improváveis, como a saída do Bell do Chiclete, e o fim do Asa de Águia.

Saulo Fernandes - Raiz de Todo Bem

Ivete Sangalo - Teleguiado

Hoje em dia, final da década de 2010, o axé é tido como um estilo que praticamente acabou, pois vemos que até mesmo intérpretes que ficaram famosos no gênero estão tocando outros estilos, como acontece com Cláudia Leitte, por exemplo. Cantores como Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Carlinhos Brown ainda lançam músicas do gênero, mas não tem mais a notoriedade de antes, já que ritmos como funk melody e sertanejo "sofrência" praticamente monopolizaram as rádios e TV no Brasil, e dificilmente toca algo diferente disso.

Agora, será que nos anos 2020 o axé music poderá se recuperar e lançar novos artistas e músicas? Ou podemos considerar que o tempo bom do estilo se acabou nos anos 2000?